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registro de autoridade
Entomologia

Adolpho Lutz

  • Pessoa
  • 1855-1940

Nasceu no Rio de Janeiro em 18 de dezembro de 1855, filho dos suíços Gustav Lutz e Mathilde Oberteuffer Lutz. Mudou para Berna (Suíça) em 1857, onde obteve toda sua formação escolar. Diplomou-se em medicina em 1879, doutorando-se em julho de 1880 com a tese "Sobre os efeitos terapêuticos do quebracho cobrado". Durante sua formação médica, frequentou as aulas de Rudolph Leuckart, em Leipizig, sobre ciências naturais, tendo descrito, inclusive, uma espécie nova de cladóceros. Estagiou também em ginecologia e obstetrícia em Praga. Em 1881, depois de frequentar vários centros científicos, regressou ao Brasil onde revalidou seu diploma com tese de título semelhante àquela que lhe conferira o grau de doutor em Berna. Durante o primeiro semestre de 1882 foi morar em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Mudou, então, no segundo semestre desse mesmo ano para Limeira, em São Paulo, onde existia uma colônia suíço-alemã, exercendo a medicina até 1885. Durante esse período publicou suas observações clínicas e também trabalhos sobre helmintologia, parasitologia e dermatologia, descrevendo uma nova doença observada em crianças de Limeira. Em 1886 voltou à Europa com o intuito de fazer pesquisas sobre o micróbio da lepra, indo estudar em Hamburgo no Instituto de Dermatologia do professor Unna. Publicou entre 1886 e 1887 vários trabalhos sobre a lepra. De volta ao Brasil, transferiu-se, em 1887, para a capital de São Paulo, onde desenvolveu várias pesquisas sobre dermatologia, helmintologia, micologia e protozoologia. Em 1889 foi convidado para dirigir o hospital de leprosos de Honolulu (Kalihi Leper Hospital) e realizar ensaios terapêuticos no Havaí. Ficou na região até meados de 1892, quando deixou Honolulu para estabelecer-se em São Francisco, na Califórnia, onde exerceu a clínica. Voltou ao Brasil em fins de 1892, tendo sido convidado, em 1893, para dirigir o Instituto Bacteriológico de São Paulo. Durante o período em que ficou à frente do Instituto Bacteriológico (1893-1908), promoveu a transformação da medicina tradicional. Conhecedor da bacteriologia e parasitologia, abriu novos rumos para a medicina humana. No que concerne aos transmissores de doenças deu especial atenção aos insetos, trabalhando com a sistemática e a biologia de diferentes grupos. Pesquisou a febre amarela e a malária, descobrindo à época a malária silvestre. Em 1908, aceitando convite de Oswaldo G. Cruz, transferiu-se para Manguinhos, com o cargo de chefe de serviço, onde dedicou-se inteiramente aos trabalhos de entomologia médica, helmintologia e zoologia, mesclando os interesses puramente biológicos com a aplicação na medicina tropical. Durante os primeiros anos no Rio, ocupou-se em organizar a coleção de insetos do Bacteriológico de São Paulo, que se encontra depositada no IOC. Participou também ativamente na elborção da revista Memórias do IOC, na qual ficou encarregado de traduzir para o inglês e o alemão os artigos científicos para publicação. Durante o período em que atuou no Instituto (1908-1940), fez várias viagens de estudo a diversas regiões do país e do continente, entre elas ao Nordeste, Paraná, Argentina e Venezuela. Reuniu durante os seus anos de pesquisa diversas coleções científicas, entre elas as de insetos, helmintos, moluscos, anfíbios, répteis, plantas etc, que estão hoje depositadas na Fiocruz e no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Sua contribuição foi decisiva para o desenvolvimento da entomologia médica e dos estudos sobre verminoses dos homens e dos animais, da febra amarela e malária, iniciando também no Brasil a pesquisa veterinária. Recebeu ao longo de seus 85 anos várias homenagens no país e no exterior. Teve seu nome perpetuado nos mais diferentes grupos e, entre os insetos, destacam-se os gêneros Lutzomyia França,1924 e Lutzsimulium d'Andretta e d'Andretta, 1947, e as espécies Sabethes lutzii Theobald, 1903, Drosophila lutzii Sturtevant, 1916, Pastrongylus lutzi (Neiva & Pinto, 1923) e Wyeomyia lutzi (Costa Lima, 1930). Morreu em 6 de outubro de 1940, no Rio de Janeiro.

Herman Lent

  • Pessoa
  • 1911-2004

Nasceu em 3 de fevereiro de 1911, no Rio de Janeiro, filho de Hano e Anna Lent. Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro, obtendo o título de agrimensor e bacharel em ciências e letras em 1928. Entre 1931 e 1932 realizou o Curso de Aplicação do IOC. Em 1934, graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, onde ingressou em 1929 e exerceu a função de auxiliar acadêmico de parasitologia (1933-1934). Em 1932, a convite de Carlos Chagas, iniciou sua trajetória no IOC como estagiário do Laboratório de Helmintologia dirigido por Lauro Travassos. Nesse período publicou seu primeiro artigo científico com João Ferreira Teixeira de Freitas (1934), com quem manteve parceria por alguns anos. Influenciado por Arthur Neiva, passou a se interessar por entomologia, especializando-se no estudo da família Reduviidae, com destaque para os vetores da doença de Chagas. No IOC exerceu os cargos de chefe de clínica (1936), assistente técnico (1938), técnico especializado (1939) e pesquisador (1941). Além disso, chefiou a Seção de Entomologia (1950, 1954-1956 e 1959-1961) e a Divisão de Zoologia (1961-1964). Desde 1934 participou de inúmeras expedições pelo Brasil e América Latina para coleta de material científico. Integrou a Missão de Cooperação Intelectual do Ministério de Relações Exteriores do Brasil ao Paraguai (1943-1944), sendo nomeado chefe honorário do Laboratório de Parasitologia do Instituto de Higiene de Assunção. Atuou como professor na Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal (1935-1937), na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1940), em cursos do Ministério da Saúde (1940-1942 e 1964), no Colégio Pedro II (1954-1967) e como conferencista do Conselho Nacional de Pesquisas (1968-1970). Em 1970, com outros nove pesquisadores do IOC, teve seus direitos políticos suspensos e foi aposentado pelos Atos Institucionais 5 e 10, episódio relatado no livro "O massacre de Manguinhos". Dois anos depois foi para a Venezuela, atuando como professor de pós-graduação em parasitologia da Universidade de Los Andes até 1974. De 1975 a 1976 foi pesquisador associado do Museu Americano de História Natural, quando produziu com Pedro Wygodzinsky uma obra de referência sobre triatomíneos, "Revision of the Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), and their significance as vectors of Chagas' disease", publicada em 1979. Após retornar ao Brasil, em 1976, foi convidado para trabalhar na Universidade Santa Úrsula, onde desempenhou as funções de professor titular, decano (1980-1981) e membro do Conselho de Ensino e Pesquisa (1982-1989). Não aceitou a reintegração à Fiocruz em 1986, porém fez parte do Conselho Técnico-Científico da instituição (1985-1988), além de frequentar o Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do IOC. Foi membro da Sociedade Brasileira de Biologia (1940), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (1961) e da Academia Brasileira de Ciências (1966), entre outras. Recebeu diversas honrarias, como o prêmio Costa Lima (1972), a Ordem Nacional do Mérito Científico (1995) e o título de pesquisador emérito da Fiocruz (2004). Morreu em 7 de junho de 2004, no Rio de Janeiro.

Leônidas de Mello Deane

  • Pessoa
  • 1914-1993

Nasceu em 18 de março de 1914, em Belém (PA), filho de Leonard Eustace Deane e Helvécia de Mello Deane. Em 1935 formou-se pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, onde ingressou como professor de microbiologia em 1936. Dessa data até 1939, e de 1942 a 1949, foi parasitologista do Instituto de Patologia Experimental do Norte. No primeiro período, fez parte da equipe de Evandro Chagas que realizava estudos pioneiros sobre leishmaniose visceral e outras endemias rurais. De 1939 a 1942 atuou no Serviço de Malária do Nordeste, quando participou da campanha de combate ao mosquito Anopheles gambiae. Desse período até 1949 atuou como parasitologista do Laboratório Central do Serviço Especial de Saúde Pública, em Belém. Entre 1944 e 1945 realizou nos Estados Unidos o mestrado em saúde pública na Escola de Higiene e Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins e os cursos de entomologia geral e parasitologia humana na Universidade de Michigan. Retornando ao Brasil, ocupou o cargo de chefe do Laboratório de Entomologia do Instituto de Malariologia, no Rio de Janeiro, até 1953. Ainda nesse ano, a convite de Samuel Pessoa, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde lecionou parasitologia até 1970 e defendeu a tese de livre-docência "Leishmaniose visceral no Brasil: estudos sobre reservatórios e transmissores realizados no estado do Ceará (1956-1958)". Em 1966 esteve também na Universidade de Carabobo, na Venezuela, como professor visitante de parasitologia. A partir da década de 1960 atuou em instituições médicas e de pesquisa científica internacionais, como a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde. Nessa instituição, além de ter participado de uma viagem ao redor do mundo para estudos relacionados à malária simiana (1964), foi perito em doenças parasitárias (1964-1980 e 1985), membro do Grupo Científico sobre a Parasitologia da Malária (1968) e do Comitê de Conselheiros em Pesquisa Médica (1974-1977) e consultor temporário em doenças tropicais (1978-1979). A partir de 1970 foi professor titular de parasitologia da Faculdade de Medicina do Norte do Paraná, cientista visitante do Colégio Imperial, em Ascot, Inglaterra, além de professor titular de parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, entre 1971-1973. Em 1968 Luísa, filha única de seu casamento com a pesquisadora Maria José von Paumgartten Deane, deixou o Brasil como tantos outros cujas atividades políticas não foram toleradas depois de 1964. O episódio fez com que o casal Deane buscasse, no exterior, uma colocação que lhes permitisse acompanhar a filha. O exílio voluntário levou-os de volta à Universidade de Carabobo (1976-1979), após um período no Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa (1975). Em 1980, com a Anistia, retornou ao Brasil, e convidado por José Rodrigues Coura, vice-presidente de Pesquisa da Fiocruz, ingressou na instituição como pesquisador titular e chefe do Departamento de Entomologia do IOC. Embora aposentado em 1990, permaneceu desenvolvendo suas atividades como chefe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários. Morreu em 30 de janeiro de 1993, no Rio de Janeiro.

Sebastião José de Oliveira

  • Pessoa
  • 1918-2005

Nasceu em 3 de novembro de 1918, no Rio de Janeiro, filho de Onofre José de Oliveira e Jesuína Fonseca Oliveira. Em 1941 diplomou-se em medicina veterinária pela Escola Nacional de Veterinária, atual Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Em 1939 ingressou no IOC como estagiário sem remuneração na Seção de Helmintologia, chefiada por Lauro Travassos. Trabalhou na coleção de dípteros sob a orientação de Hugo de Souza Lopes, dedicando-se, inicialmente, ao estudo de moscas da família Clusiidae (Acaliptrata) e Anthomyidae. Nesse período publicou seu primeiro artigo científico, intitulado “Sobre Ophyra aenescens (Widermann, 1830) (Diptera, Anthomyidae)”. Em 1940, por indicação de Arthur Neiva, Lauro Travassos e Hugo de Souza Lopes, obteve uma vaga de entomologista no Serviço de Malária da Baixada Fluminense. Já formado, foi convidado por César Pinto, em 1942, para integrar o Serviço de Doenças Parasitárias do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, onde trabalhou como entomologista. Entre 1943 e 1944 desenvolveu experiências com DDT na Companhia de Anilinas e Produtos Químicos Geigy do Brasil Sociedade Anônima. Durante todo esse tempo permaneceu como estagiário no IOC, sendo contratado em 1950 como pesquisador especializado, e efetivado como biologista por meio de concurso realizado pelo Departamento Administrativo do Serviço Público. Atuou também como assistente voluntário da cadeira de Zoologia Médica e Parasitologia da Escola Nacional de Veterinária (1953-1954), assistente do Curso de Parasitologia, Bacteriologia e Imunologia do IOC (1954 e 1959), professor da cadeira de doenças parasitárias do Curso de Aperfeiçoamento, Especialização e Extensão do Ministério da Agricultura (1954-1955, 1957-1958 e 1959-1960) e professor do Curso de Entomologia do IOC (1962). Em 1970, com outros nove pesquisadores da instituição, teve seus direitos políticos suspensos e foi aposentado pelos Atos Institucionais 5 e 10, episódio denominado de "Massacre de Manguinhos". Como ficou proibido de trabalhar em qualquer instituição pública, passou a prestar serviços à iniciativa privada. Com a Anistia, foi reintegrado à Fiocruz em 1986 como curador da Coleção Entomológica do IOC, cargo que ocupou até a sua morte, e como professor de entomologia médica no Curso de Biologia Parasitária da unidade. De 1992 a 1993 foi subsecretário adjunto de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia do estado do Rio de Janeiro. Em 1998, aos oitenta anos, obteve o grau de doutor em ciências no Curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária do IOC. Sua contribuição para os estudos entomológicos abrangeu as ordens Strepsiptera (Stylopidae, Myrmecolacidae e Mengeidae), em colaboração com Marcos Kogan, e Diptera (Anthomyidae, Culicidae, Ephydridae, Agromyzidae e Chironomidae), sendo responsável pela descrição de quatro gêneros e setenta espécies de insetos para a ciência. O material entomológico reunido durante suas pesquisas encontra-se depositado na Coleção Entomológica. Recebeu homenagens de pesquisadores brasileiros e estrangeiros com a descrição do gênero Oliveriella Wiedenbrug & Fittkau, 1997 e com dez espécies, tais como: Palpomyia oliveirai Lane, 1947, Lutzomyia oliveirai Martins, Silva & Falcão, 1970 e Oukurilla oliveirai Messias & Fittkau, 1997. Morreu em 16 de abril de 2005, no Rio de Janeiro.

José Jurberg

  • Pessoa
  • 1937-

Nasceu em 24 de julho de 1936, no Rio de Janeiro. Em 1960 graduou-se em farmácia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia do Estado do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal Fluminense. Ainda em 1960 iniciou sua trajetória no IOC como estagiário na Seção de Entomologia sob a orientação de Herman Lent e Hugo de Souza Lopes. Dois anos depois frequentou o Curso de Entomologia e em seguida foi contratado como pesquisador da instituição. Em 1963 publicou nas Memórias do IOC seu primeiro trabalho científico, intitulado “Contribuição para o estudo da morfologia do Myrmeleon januarius (Navas, 1916) (Neuroptera, Myrmeleonidae)”. Nessa mesma década ingressou na área de ensino como professor de higiene e legislação farmacêutica da faculdade em que se formou. Junto aos orientadores participou da criação de uma nova ferramenta para identificar os triatomíneos (barbeiros) e outros grupos de insetos por meio da análise comparativa das estruturas fálicas e anatomia interna. A partir desse momento, destacou-se por sua habilidade na arte do desenho científico e pelo intercâmbio estabelecido com instituições brasileiras e estrangeiras. Com a suspensão dos direitos políticos e a aposentadoria de dez pesquisadores do IOC pelos Atos Institucionais 5 e 10 em 1970, episódio denominado Massacre de Manguinhos, tornou-se responsável pela Seção de Entomologia e defensor da manutenção da Coleção Entomológica. Além disso, se empenhou pelo reingresso dos pesquisadores à Fiocruz, fato ocorrido em 1986 durante a gestão de Sérgio Arouca, de quem foi assessor no Conselho Técnico-Científico. Em 1978 foi mestre em ciências biológicas pelo Museu Nacional. Em 1989 implantou o Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos. No ano de 1996 obteve o título de doutor em ciências pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Entre 1991 e 1997 chefiou o Departamento de Entomologia do IOC. Aposentou-se em 2006, mas permaneceu como chefe de laboratório e curador da Coleção de Triatomíneos.

Arthur Neiva

  • Pessoa
  • 1880-1943

Nasceu em 22 de março de 1880, em Salvador (BA), filho de João Augusto Neiva e Ana Adelaide Paço Neiva. Iniciou o curso superior na Faculdade de Medicina da Bahia, concluindo-o na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1903. Trabalhou para a Inspetoria de Profilaxia da Febre Amarela nas campanhas dirigidas por Oswaldo Cruz visando à erradicação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Em 1906 ingressou no Instituto Soroterápico Federal, posteriormente denominado IOC, onde realizou pesquisas em entomologia e parasitologia. Em 1907 participou ao lado de Carlos Chagas da campanha de profilaxia da malária em Xerém (RJ). Nessa região estudou os hábitos e as características dos mosquitos transmissores da doença e identificou alguns grupos de seus parasitos resistentes à quinina. Em 1908, como pesquisador do IOC, desenvolveu pesquisas sobre os insetos transmissores da doença de Chagas. Em 1910 forneceu informações detalhadas sobre a biologia do Conorhinus megistus – depois denominado Panstrongylus megistus –, que contribuíram para os primeiros conhecimentos sobre o ciclo evolutivo do Trypanosoma cruzi. Ainda sobre a doença de Chagas, realizou a classificação de espécies de barbeiros e explicou o mecanismo de transmissão, formulando a hipótese de que, ao se coçar, o indivíduo introduz em seu corpo, pela pele ou por uma mucosa, as fezes do inseto que contém tripanossomas. Durante a década de 1910 participou de expedições científicas enviadas pelo IOC ao interior do Brasil. Ao lado de Belisário Penna percorreu estados das regiões Nordeste e Centro-Oeste, com recursos do IOC e da Inspetoria de Obras contra as Secas, e publicou, quatro anos depois, um relatório em que são denunciadas as más condições de vida e saúde da população rural. Participou do movimento que congregou cientistas, médicos e intelectuais em prol do saneamento do país. Em 1914, com a tese intitulada "Revisão do gênero Triatoma Lap.", sobre um dos gêneros de barbeiros, tornou-se livre-docente da cadeira de história natural médica e parasitologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. De 1923 a 1927 dirigiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Entre 1924 e 1927 chefiou a Comissão de Estudos e Debelação da Praga Cafeeira do estado de São Paulo, trabalhando com Angelo Moreira da Costa Lima e Edmundo Navarro de Andrade. Em 1928 o governo paulista o contratou como diretor-superintendente do recém-criado Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal, denominado, a partir de 1937, Instituto Biológico, onde permaneceu até 1932. Após a Revolução de 1930, ocupou cargos na administração pública, como o de interventor federal na Bahia. De 1935 a 1937 foi deputado federal pelo Partido Social Democrático baiano. Com a implantação do Estado Novo, retomou suas atividades em Manguinhos. Morreu em 6 de junho de 1943, no Rio de Janeiro.

Hugo de Souza Lopes

  • Pessoa
  • 1909-1991

Nasceu no Rio de Janeiro em 5 de janeiro de 1909. Formou-se médico veterinário pela Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (1933). Ainda estudante, em 1931 ingressou como estagiário voluntário no laboratório de Lauro Travassos no IOC, onde iniciou suas pesquisas sobre dípteros Sarcophagidae (moscas). De 1932 a 1938 foi auxiliar técnico da Seção de Entomologia do Instituto de Biologia Vegetal, chefiada por frei Thomaz Borgmeier. Em 1938 retornou ao IOC, ocupando os cargos de pesquisador na Seção de Helmintologia (1949) e chefe da Seção de Entomologia (1960-1964). Além de suas atividades de pesquisa, dedicou-se ao ensino de zoologia médica, parasitologia e entomologia na escola onde se formou (1934-1964), no Curso de Aplicação do IOC (1950-1968) e no Curso de Saúde Pública da Fundação Gonçalo Muniz (1951). Em 1970, com outros nove pesquisadores do IOC, teve seus direitos políticos suspensos e foi aposentado pelos AI-5 e AI-10, no episódio denominado Massacre de Manguinhos. Passou, então, a desenvolver suas pesquisas no laboratório de entomologia do Museu Nacional. Em 1976 integrou o corpo docente da Universidade Santa Úrsula. Com a anistia, foi reintegrado à Fiocruz em 1986 e passou a atuar no Departamento de Biologia do IOC como pesquisador titular. Suas pesquisas abrangeram os campos da entomologia, malacologia e botânica. Formou expressiva coleção de espécies dos grupos estudados, principalmente de insetos, bem como descreveu inúmeros gêneros e espécies novas para a ciência, com mais de duzentas publicações nessa área. Morreu em 10 de maio de 1991, no Rio de Janeiro.